FACEBOOK: DEPRIMIDO RECLAMA QUE NINGUÈM O CATUCA NO FACEBOOK.


Depois de vídeo, José Rossoni recebeu mais de 2 mil cutucadas.
De 95 amigos na rede social, usuário passou para mais de 5 mil.

Laura BrentanoDo G1, em São Paulo
Chateado com o fim do namoro de 4 anos, José Rossoni Rodrigues, de 22 anos, desabafou para o irmão que ninguém se interessava por ele e nem mesmo o "cutucava" no Facebook. Há pouco mais de três meses cadastrado na rede social, Rossoni tinha sido "cutucado" uma única vez por sua melhor amiga. Pior: o "cutucão", uma das funções para chamar a atenção de alguém na rede social, só aconteceu a pedido dele.

No domingo à noite, o irmão de Rossoni publicou o seu desabafo no YouTube com o título: “Ninguém me cutuca no Facebook”. Nesta sexta (29), o vídeo atingiu a marca de 700 mil acessos. De 95 amigos na rede social, Rossoni passou para quase 5 mil e 1 mil solicitações ainda pendentes.

“Eu nem sei dizer quantas cutucadas eu já recebi. Na quarta-feira (27), a página mostrava que 2 mil pessoas tinham me cutucado. Eu consegui responder para todos, mas logo apareceu o número 2 mil de novo. Não sei se existe um número máximo permitido de cutucadas”, contou Rossoni em entrevista ao G1. “Hoje, as pessoas estão reclamando que eu não cutuco de volta”.

Rossoni mora em Porto Velho (RO) desde 2006 e trabalha em uma loja de telefonia móvel em um shopping. Depois do sucesso do vídeo, ele ficou com medo que pessoas na rua começassem a cutucá-lo. “Até agora, ninguém falou nada pessoalmente. Só na quarta-feira uma senhora me parou para dar conselhos e me deu uma cutucada na despedida”, contou.

Há pouco tempo, Rossoni descobriu que existia o recurso “cutucar”. “Vi no Facebook de um amigo várias pessoas cutucando ele. Então eu perguntei o que aquilo significava. ‘São pessoas que querem mexer com você’, ele me disse. Acho que isso ficou no meu inconsciente”, conta. “No dia do vídeo, eu tinha na minha cabeça que cutucar significava ser visto e reparado. Mas como eu tava um pouco alterado, não consegui me expressar direito”. Tanto, que Rossoni acabou criando a palavra "tucutar", hoje repetida pelos usuários da rede social.

Com contas cadastradas no Orkut e Twitter há mais tempo que no Facebook, Rossoni contabilizava apenas 23 seguidores antes do vídeo. “Desse número, sete eram contas que eu criei para amigos só para eles me seguirem, mas eles nunca usaram”.
Da mesma forma que havia pessoas mais populares no passado, esse padrão se reflete
na dimensão digital também"
Sandro Caramaschi, professor de psicologia
Rossoni se considera uma pessoa de poucos amigos. “Hoje, sou popular por causa do vídeo. As pessoas querem estar por perto de quem é popular”.
Reflexo da vida real
Segundo o professor de psicologia Sandro Caramaschi, as redes sociais são um espelho da vida real. “O Facebook reflete os padrões que temos na vida cotidiana. Há pessoas que são mais populares, outras mais solitárias e menos procuradas”, explica.

Um estudo realizado com usuários do Facebook indica que a maioria dos relacionamentos que o usuário mantém no site é com pessoas já conhecidas pessoalmente. “Na prática, o Facebook acaba replicando relações já pré-existentes. É basicamente o que acontece nas grandes cidades. Mesmo morando em São Paulo, os relacionamentos se restringem a um grupo da sua convivência pessoal”.

Caramaschi explica que a internet é uma transferência do espaço de socialização. O que antes acontecia nas praças e nos shoppings, mudou para as redes sociais. “Da mesma forma que você tinha pessoas mais populares e impopulares, esse padrão se reflete na dimensão digital também”, conclui.


Fonte: http://g1.globo.com

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