No último sábado (20), o presidente da Câmara, Marco Maia participou de um par de eventos do PT gaúcho –um em Erechim, outro em Gramado. Deslocou-se num avião e num helicóptero da Uniair, braço aéreo da empresa de planos de saúde Unimed-RS.
Deve-se a informação aos repórteres Leandro Cólon e Beto Barata. Nesta quinta (25), Marco Maia (PT-RS) foi ouvido sobre o tema. Cinco dias depois da utilização das aeronaves, o deputado admitiu que a despesa não foi paga. Assegurou, porém, que vai pagar. Eis um trecho da entrevista:
- Quem custeou o voo na semana passada no avião da Uniair? O meu gabinete.
- Foi dinheiro da verba indenizatória [da Câmara]? Não boto essa despesa na verba indenizatória.
- E quem paga então? Eu.
- Do seu bolso? Claro.
- Usa dinheiro do seu salário? Poderia pôr na verba de custeio [da Câmara]. Não faço isso justamente para não dar essa especulação. É muito melhor assumir. Eu ganho bem.
Nessa mesma entrevista, Marco Maia declarou: “Foi a primeira vez que utilizei um voo particular.” Lorota. Descobriu-se que, em 4 de junho, o comandante da Câmara viajara em aeronave particular de Brasília para Goiânia.
Foi assistir ao jogo da seleção brasileira de futubel contra o time da Holanda. Depois da partida, voou na mesma aeronave para Porto Alegre. Procurado horas depois do primeiro contato, Marco Maia manifestou-se novamente, dessa vez por meio da assessoria.
“Foi um voo privado dele, como cidadão”, informou-se. Depois de alguma insistência, forneceu-se o nome da empresa que proveu a aeronave: Ícaro Táxi Aéreo. Ouvida, a empresa orçou o deslocamento Brasília-Goiânia-Porto Alegre em valores que variam de R$ 30 mil a R$ 45 mil, dependendo do tipo de avião.
Na declaração de bens que levou aos arquivos da Justiça Eleitoral na eleição do ano passado, Marco Maia informou que seu patrimônio soma R$ 342 mil. Ou seja: apenas o pagamento do avião fretado para assistir à partida da seleção brasileira consumiria algo com 13% do patrimônio do deputado.
Além de Marco Maia, outro petista posou nas manchetes desta sexta (26) enganchado em asas privadas. O repórter Marcos Vinicius Gomes relata episódio envolvendo o ministro Paulo Bernardo (Comunicações).
A coisa aconteceu em 2009, época em que Bernardo respondia, sob Lula, pela pasta do Planejamento. Em 11 de dezembro daquele ano, o ministro voou de Curitiba para a cidade paranaense de a capital paranaense Guarapuava num avião Seneca.
Chama-se Roque Veviurka um dos donos da aeronave, prefixo PT-WTS. Vem a ser dono da Bravex, empresa que opera nos setores de agronegócio e construção.
Bernardo foi a Guarapuava para participar da entrega de títulos de propriedade de lotes federais a 500 famílias pobres. Organizado pelo prefeito da cidade, Fernando Ribas Carli (PP), o evento teve cara de comínio.
Em discurso, Bernardo prometeu que, se necessário, Brasília mandaria verbas para ajudar o prefeito a asfaltar o bairro. A passagem do ministro por Guarapuava foi registrada em vídeo. Pode ser assistido aqui. O avião aparece nas imagens.
Procurado, o ministro mandou a assessoria dizer que usou a aeronave privada “na condição de convidado da prefeitura de Guarapuava, que viabilizou seu transporte.”
Há dois dias, Bernardo já havia admitido que pode ter usado aeronave de outra empresa paranaense, a empreiteira Sanches Tripoloni, que toca obras do PAC. O Código de Ética da Alta Administração Federal anota em seu artigo 7o:
A “autoridade pública não poderá receber salário ou qualquer remuneração de fonte privada em desacordo com a lei, nem receber transporte, hospedagem ou quaisquer favores de particulares de forma a permitir situação que possa gerar dúvida sobre sua probidade ou honorabilidade”.
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