Uma espécie de metamorfose ambulante da política campista. Assim pode ser definido o deputado estadual Roberto Henriques (PR), que nos últimos anos foi vice-prefeito, prefeito interino, secretário municipal e transitou entre os dois grupos políticos mais influentes da cidade. Hoje, após romper mais uma vez com o deputado federal Anthony Garotinho (PR), ele aparece como pré-candidato à Prefeitura de Campos. Indagado sobre o assunto, diz: “Estou à beira do gramado. Se a história me escalar, entro em campo”. Em relação a Garotinho, ele usa a matemática para explicar o comportamento do ex-companheiro. “Ele é a seguinte equação: G = G¹ + G². G¹ é ele próprio, com suas qualidades e defeitos inerentes a todos nós. G² é o que os puxa-sacos e bajuladores permitiram que ele se transformasse”, afirma o parlamentar, alfinetando os últimos três governos. “Arnaldo Vianna, Alexandre Mocaiber e Rosinha Garotinho iniciaram cheios de bons sonhos, mas lamentavelmente entraram pela ‘porta larga da perdição’, por culpa direta ou indireta. Erraram quando abandonaram o leme abrindo mão do comando”,opina.
Blog — Nos últimos 20 anos você participou, nos bastidores ou na disputa, da maioria dos pleitos no município de Campos. Entre 2006 e 2011 foi vice-prefeito, prefeito durante 43 dias, secretário de Governo e agora é deputado estadual. Qual é a sua leitura em relação a eleição de 2012? A prefeita Rosinha Garotinho é a grande favorita? O seu colega de partido, Geraldo Pudim, está certo quando diz que a eleição majoritária está definida?
Roberto Henriques — Tem um filme sobre o fim do mundo que se chama 2012. Para nós, campistas, o processo de destruição chegou antes, com sucessivos fracassos administrativos e empobrecimento da política local. O desrespeito ao povo de Campos foi a marca dos últimos anos. Bilhões foram gastos sem critério. Nosso grande desafio é transformar 2012 no ano da reconstrução. Temos que recomeçar com a máxima humildade. O povo de Campos é crédulo e hospitaleiro, mas a seguir se posiciona sempre com amor ao torrão natal, realizando as mudanças necessárias. Quanto ao favoritismo deste ou daquele candidato para as próximas eleições, ele inexiste. O ‘já ganhou’ é a véspera da derrota. Ao longo da história o povo de Campos sempre derrotou os ‘fortes’. Por isso, dizer que a eleição já está decidida é subestimar nossa população. É querer ganhar no grito. Contar vitória antes do pleito é a cantoria dos desesperados.
Blog — Afinal, você cogita a possibilidade de se filiar ao PSD e disputar a eleição?
Roberto Henriques — Estou à beira do gramado. Se a história me escalar, entro em campo. Darei minha humilde contribuição de qualquer forma. Campos sempre poderá contar comigo.
Blog — Na pesquisa do Instituto Precisão, divulgada pelo PR, você aparece com 1% na espontânea e 3% na estimulada. Qual é a sua leitura sobre este levantamento que aponta a prefeita Rosinha como grande favorita em 2012?
Roberto Henriques — Garotinho e o PR sabem que ele e a prefeita estão mal diante da opinião pública de Campos. Engana-se quem pensa ser a opinião pública e a comunidade política o alvo das informações dessa pesquisa. Não sou o Herculano Quintanilha da novela “O Astro”, mas sei o que se passa na mente assustada do Garotinho. Afirmo com 100% de convicção: o endereço dessa pesquisa é a base do governo Rosinha e militância do PR. A prefeita Rosinha e as lideranças do Partido da República erraram muito com a verdadeira militância e com as pessoas boas que atuam no governo municipal. Por isso a administração vai mal. Essas pessoas boas são humilhadas por adversários que viraram aliados ocasionais do poder. Os idealistas estão de olho e questionando tudo isso. Garotinho já percebeu que seu poder e o da prefeita cambaleiam e por isso precisa de artifícios para acalmar e dar falsa tranquilidade à base. O encanto quebrou-se. Essa pesquisa não convenceu ninguém. O comando não goza mais da confiança dos seus comandados e revela-se contraditório. Por que na pesquisa de mano a mano no segundo turno só foi feito os cenários de Roberto Henriques e Arnaldo Viana contra a prefeita Rosinha Garotinho? Neste ponto residem as preocupações do Garotinho e seu grupo. Ele teme o embate comigo e Arnaldo e por isso tenta escolher através dessa pesquisa o adversário que ele prefere. Porém, isto não está no seu controle, mas sim na soberana escolha do eleitor.
Blog — A licença de 15 dias da prefeita Rosinha foi bastante criticada por membros da oposição em Campos. Eles alegam que a cidade passa por sérios problemas e este não seria o momento ideal para ela se ausentar. Qual é a sua opinião sobre a licença da prefeita?
Roberto Henriques — A prefeita ficou afastada pela justiça eleitoral sete meses. Descansou no carnaval, na Semana Santa e nos muitos feriados deste ano. Abandonar a cidade com centenas de obras paralisadas, a saúde em crise, e seu governo mergulhado em diversas denuncias é repetir o que fazia o ex-prefeito Alexandre Mocaiber. A única diferença é a distância. Ele ia para Búzios ou Guarapari. Ela fez mais feio, indo passear em Bonito, no Mato Grosso do Sul.
Blog — Você participou do governo Arnaldo, foi vice-prefeito de Mocaiber e secretário de Rosinha. Qual é a sua avaliação sobre os três governos?
Roberto Henriques — Sou um viajante da história. Nunca me acomodei nem me encostei nos governos. Tenho no povo a testemunha de que sempre agi com independência a ponto de me afastar de qualquer núcleo político ou governo sempre que discordei. Sou um andarilho que busca nos labirintos da história, sempre nadando contra a maré, as oportunidades de estar servindo a humanidade. Caminheiro é quem faz caminhos, quem não se acomoda, não se instala em beneficio próprio, não requer usucapião do poder. É, portanto, um sujeito totalmente despojado. Os três governos: Arnaldo Vianna, Alexandre Mocaiber e Rosinha Garotinho iniciaram cheios de bons sonhos, mas lamentavelmente entraram pela ‘porta larga da perdição’, por culpa direta ou indireta. Erraram quando abandonaram o leme abrindo mão do comando.
Blog — Em entrevista à Folha da Manhã no início do governo Rosinha, você elogiou o deputado Anthony Garotinho (PR) dizendo que ele é um “animador de consciências”. Agora, em 2011, ele foi chamado por você de “leão sem dente”, ressaltando ainda que ele estava querendo transformar o Partido da República no Partido da Monarquia. Quando estava ao seu lado ele era um republicano exemplar? Afinal, quem mudou: Garotinho ou Henriques?
Roberto Henriques — Garotinho continua sendo um ‘animador de consciências’. Ele é a seguinte equação: G = G¹ + G². G¹ é ele próprio, com suas qualidades e defeitos inerentes a todos nós. G² é o que os puxa-sacos e bajuladores permitiram que ele se transformasse. Na campanha de 2008 foi humilde a ponto de concordar em Rosinha Garotinho ser simplesmente Rosinha. Foi também útil no período da transição. Mas depois da meia-noite o príncipe elegante virou sapo e, a partir daí, só quis ‘sapear’ no governo da sua esposa, transformando-se no seu ‘sujeito oculto’. Anthony Garotinho não soube aproveitar a generosidade do povo de Campos, que deu a ele uma segunda chance em 2008 e perdeu-se com seu modelo egocêntrico de fazer política. Não haverá para ele uma terceira chance. Agora, só cabe ao Garotinho ajoelhar e pedir perdão ao povo de Campos. O filosofo Heráclito dizia que “tudo flui”. Isto é, tudo muda. Peço humildemente a Deus que eu possa mudar sempre para melhor.
Blog — Qual é a sua opinião sobre essa participação da prefeita de São João da Barra, Carla Machado (PMDB), no tabuleiro político de Campos?
Roberto Henriques — A sua participação no contexto da política regional é salutar e bem vinda. Sou um pregador incansável do regionalismo, tendo em vista a grande tradição da nossa região Norte/ Noroeste. Agora, sua colocação como candidata à Prefeitura de Campos não é um gesto elegante. Existem os impedimentos jurídicos que a prefeita Carla Machado bem conhece e insistir com esse discurso é tratar Campos com desrespeito. Se não é possível juridicamente, qualquer insistência é menoscabo e quem se calar é cúmplice. Minha posição é elegante e respeitosa para com a prefeita de São João da Barra. Porém, minha posição está rigorosamente de acordo com nossas tradições históricas e a soberania de Campos.
Blog — Você é apontado como o responsável pela indicação do ex-reitor da Uenf, Almy Junior, para a presidência da Fenorte. Como foi costurada essa indicação? Houve algum tipo de atrito com o vereador Marcos Bacellar (PT do B), pai de Rodrigo Bacellar, que presidia o órgão?
Roberto Henriques — A indicação do Professor Almy Junior e as reformulações que ele e sua equipe implementarão visam transformar a Fenorte numa usina de idéias e conseqüentes realizações em prol de Campos e da região Norte e Noroeste Fluminense. Pela importância histórica da nossa região e suas grandes potencialidades, precisamos que este órgão seja um instrumento para diminuir a distância até a Capital do Estado aglutinando de forma colegiada autoridades públicas e sociedade civil organizada para promover saltos de qualidade das políticas públicas e conseqüente promoção humana. Não houve atrito com quem quer que seja. O gesto de acolhimento das minhas sugestões, como deputado da região, pelo governador Sérgio Cabral, nos enche de esperança.
Blog — Após seis meses e meio de mandato, qual é a avaliação que você faz das suas ações na Alerj?
Roberto Henriques — Foi uma honra servir ao povo de Campos como vice-prefeito. Foi uma honra servir ao povo de Campos nos períodos em que fiquei prefeito. É uma honra estar no Parlamento Fluminense servindo ao povo de Campos e da região. Ocupamos espaço importante na Mesa Diretora da Alerj. Chamamos a atenção do Parlamento e do Executivo para a nossa região. Desenvolvo um mandato buscando a parceria dos meus colegas deputados. Acreditando sempre nas ações coletivas, criamos junto com os deputados Paulo Melo, André Corrêa e Luiz Paulo, a Frente Parlamentar em Defesa da Pequena e Micro empresa. Com a generosidade do presidente da Alerj, Paulo Melo, presidi na qualidade de vice-presidente, o Fórum Permanente de desenvolvimento da Alerj e, neste semestre, a prioridade temática foi a nossa região e nossas potencialidades. Junto com o deputado João Peixoto, lutamos pela abertura da Policlínica da Polícia Militar que está em fase de seleção de pessoal e instalação de equipamentos e será em breve entregue pelo governador Sérgio Cabral e pelo vice Pezão. Pleiteamos junto ao governo do Estado a criação de um órgão para as ações integradas na nossa região. O eixo central do nosso mandato neste semestre foi a busca do fortalecimento da nossa região com ações colegiadas através de um órgão que possa implementar as ações estruturantes e investimento na pessoa humana a partir das potencialidades tradicionais e as ligadas ao pós-sal, pré-sal e portuárias. Também estamos lutando arduamente através de dois Projetos de Lei em tramitação na Alerj visando a redução do IPVA. Encorajamos as lutas dos pequenos e micro empreendedores e baseado no já existente planejamento da Fundação DER, pedimos prioridade para as estradas de Campos e do Norte/Noroeste, que está em curso. Tudo que fiz e farei e ao longo do nosso mandato na Assembléia sempre estará no cumprimento do nosso dever com Campos e região.
DO BLOG:
"Tudo o que acontece uma vez pode nunca mais acontecer, mas tudo que acontece duas vezes com certeza acontecerá uma terceira."
[ Paulo Coelho ]
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