Arcar com os tributos para manter o carro rodando custa até duas vezes mais caro, dependendo do estado onde se vive. E é justamente no bolso dos cariocas que essa carga tributária está mais pesada. Um levantamento feito pelo EXTRA revela que, em todo o país, o Rio é o lugar onde se pagam os valores mais altos para fazer o licenciamento anual de carros a gasolina, considerando as taxas do Detran associadas ao Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).
A maior diferença foi encontrada na comparação com o Amazonas. A simulação feita pelo EXTRA mostra que, enquanto no Rio o proprietário de um Gol City, modelo 2005, avaliado em R$ 17.283, pagaria R$ 817,74 de imposto e taxas de licenciamento, no Amazonas, o valor para o mesmo veículo despencaria a R$ 379,95, uma diferença de 115%.
A distorção acontece porque cada governo tem liberdade para fixar seus tributos. O Rio, ao lado de São Paulo e Minas Gerais, cobra a alíquota mais alta de IPVA: 4% do valor de mercado do carro. Em outros estados próximos, como Espírito Santo e Santa Catarina, a alíquota é de apenas 2%.
— Pagamos caro demais. E cadê todo esse dinheiro que o governo arrecada? Eu não vejo o retorno — reclamou o motorista Carlos Alberto da Costa, de 29 anos, que pagou pouco mais de R$ 400 no imposto de seu Corsa.
Para veículos flex, o percentual do IPVA foi reduzido a 3%, no ano passado. Mas, de acordo com a Secretaria estadual de Fazenda do Rio, não há qualquer estudo para diminuir a alíquota cobrada dos demais veículos. Apenas nos seis primeiros meses deste ano, a arrecadação da secretaria com IPVA foi de R$ 1,2 bilhão.
Licenciamento caro
Como o Rio empata com São Paulo e Minas Gerais no valor cobrado pelo IPVA, é o Detran quem se encarrega de fazer o carioca pagar mais para rodar com o carro. A taxa de licenciamento, por aqui, custa R$ 129,52, enquanto os paulistas desembolsam R$ 59,33 e os mineiros, R$ 62,17.
Para quem passa horas na fila para fazer a vistoria do carro nos postos do Rio, é difícil entender o motivo de o estado ter a segunda taxa mais cara de licenciamento no país, atrás apenas dos R$ 129,52 cobrados no Pará.
— Aguardamos dois meses pela vistoria, porque não tinha vaga, e ainda temos que esperar o dia inteiro para sair com o documento — reclamou a dona de casa Vânia Nascimento, de 43 anos, que, $lado do marido, o aposentado Sebastião Félix, de 61, passou duas horas na fila, apenas para conseguir entrar no posto da Ilha do Governador, na quinta-feira passada.
A espera do motorista Carlos Alberto da Costa também foi longa. Ele até tirou folga no trabalho para regularizar a situação de seu Corsa:
— Sei que vou perder o dia inteiro nisso. São horas de fila para entrar no posto, fazer a vistoria e pegar o documento.
Em nota, o Detran-RJ afirmou que o dinheiro arrecadado com o licenciamento — estimado em R$ 395 milhões este ano — é usado na melhoria e na ampliação de suas atividades. E que, apesar de atender cerca de 40 mil pessoas por dia, tem índices de reclamação abaixo da média.
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